terça-feira, 21 de setembro de 2010
Como lidar com a culpa
Estou terminando de ler o livro da Lya Luft, Múltipla Escolha. No início, achei que era uma análise comportamental sobre as nossas escolhas e as consequências delas, mas ao decorrer da leitura percebi que é um desabafo de todas as suas (e por que também nossas?) frustrações perante as ações do homem e da sociedade. Mas achei interessantíssimo quando a autora aborda sobre o nosso comportamento perante algumas decisões que tomamos. De uma coisa é certa, desde que nascemos o mundo nos enche de opções e escolhas a fazer, algumas das quais nem possuímos maturidade para isso. E elas trazem respostas, consequências que podem ser boas ou más. Quando essa resposta não é a que esperávamos, nos frustamos e alimentamos a culpa. Mesmo que ela seja bem discreta, quase imperceptível. Mas acredite, ela está lá! Em um dos capítulos do livro ela cita: "A culpa é como uma mochila cheia de tijolos. Você carrega de um lado para o outro por toda a vida. Só tem um jeito: jogá-la fora!" É a mais pura verdade. Não há outra maneira de se livrar de qualquer tipo de culpa, se não tirar essa mochila pesada das costas e jogá-la pra bem longe. Sei que na teoria torna-se fácil e na prática, tão difícil que muitas vezes parece ser impossível. Eu carrego sim algumas culpas. Várias na verdade. E acredito que são elas que me fazem mostrar o meu lado mau. Todos nós temos dois lados, nascemos assim. Desde pequenos aprendemos a praticar o lado bom, para podermos ser pessoas melhores e convivermos uns com os outros em harmonia. Mas esse lado mau que fica ali, quietinho, sempre aparece quando nos tornamos vulneráveis as nossas fraquezas humanas e falhamos. Seja conosco, com a nossa família, com o parceiro ou parceira, com os nossos amigos, com o nosso trabalho. Sei que, se queremos crescer, evoluir, acaba tornando-se cômodo aceitar as nossas falhas sem querer corrigí-las. A análise crítica faz parte desse crescimento. Apesar que confesso que todas as pessoas que conheço que fazem auto análise, são consideradas melancólicas. Não acho. Acho que precisa de muita coragem para olhar-se no espelho e questionar a sua existência e as suas atitudes. Não é fácil pensar diferente da maioria. E pior, o mais trabalhoso e desmotivador, é enxergar muitas mudanças à serem realizadas. É um trabalho árduo, sofrido e doloroso. Estou inclusa nesse grupo, que vive questionando a si próprio, mas que no dia a dia, continua cometendo as mesmas falhas de sempre. Aquelas velhas conhecidas e que já fez parte da sua lista de mudanças e, que a cada vez que as comete, tem a sensação de ser a pior das criaturas por voltar a estaca zero. E assim, adiciona mais um tijolo na mochila. Não podemos prever o futuro. Então por que sentimos tanta culpa quando algo que optamos dá errado? Como podemos jogar essa mochila fora e sentir-se livre, sem prestações à pagar? Estou tentando achar essa resposta, pois a minha mochila está um pouquinho pesada e está começando a doer bastante. Não as minhas costas, mas sim a minha consciência. Espero um dia conseguir achar uma fórmula (não precisa ser fácil), que faça com que eu jogue todos as culpas, ressentimentos e mágoas pra bem longe, e assim, sentir-se bem comigo mesma e com os demais dos quais eu amo tanto.
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